
Tenho saudades de alguma coisa que me faz imensa falta...alguma coisa que já não me lembro.
Fotografia de evasgro "seduta" deviantART
Música roubada do palavrasdesabão
Por entre a tradição do azulejo português e da montra da decoração surge a defesa. Entre a nossa porta e a rua fica o aviso. É uma vida que se esconde por trás das grades, longe do mundo. Cuidadinho!Entre tu e eu há só distância, uma intimidade reservada que castra a própria vida. Os olhares que se escondem para lá das sebes deixam o aviso...Cuidado com o cão! Apesar do aviso, resiste a vontade de invadir...e partiu-se a vidraça.


Desde 27 Março de 1999 que o TEP foi transferido para o concelho de Vila Nova de Gaia, sem o apoio do Ministério da Cultura com uma equipa de profissionais desde 1957. Ver antecedentes históricos e actualidade. Conta actualmente com o patrocínio da Câmara Municipal de VNG, de vários mecenas privados e apoio e promoção da empresa MUNICIPAL GAIANIMA.
A noite veio de dentro, começou a surgir do interior de cada um dos objectos e a envolvê-los no seu halo negro. Não tardou que as trevas irradiassem das nossas próprias entranhas, quase que assobiavam ao cruzar-nos os poros. Seriam umas duas ou três da tarde e nós sentíamo-las crescendo a toda a nossa volta. Qualquer que fosse a perspectiva, as trevas bifurcavam-na: daí a sensação de que, apesar de a noite também se desprender das coisas, havia nela algo de essencialmente humano, visceral. Como instantes exteriores que procurassem integrar-se na trama do tempo, sucediam-se os relâmpagos: era a luz da tarde, num estertor, a emergir intermitentemente à superfície das coisas. Foi nessa altura que a visão se começou a fazer pelas raízes. As imagens eram sugadas a partir do que dentro de cada objecto ainda não se indiferenciara da luz e, após complicadíssimos processos, imprimiam-se nos olhos. Unidos aos relâmpagos, rompíamos então a custo a treva nasalada.*
"Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma"
Hoje acordei com a chuva a bater na janela do meu quarto. Naquele espaço entre o voltar à realidade e o sonho pensei que era Inverno porque o tempo chorava como tal. Voltei a adormeçer a pensar que tinha as camisolas todas guardadas no armário.
No próximo dia 13 de Maio o Teatro S. João completa 210 anos de existência. Sempre sob o nome São João, o “monumento que a Nação poisou a sul da Praça da Batalha” tem sofrido, desde o século XVIII, diversas transformações ao nível da programação e nos contextos institucionais e arquitectónicos: de Real Teatro de São João (1798) passando por Teatro São João (1920) e Cine São João até ao actual Teatro Nacional São João (1992).
Esta semana fui informada palavra por palavra do seguinte sentimento: “…Preciso de me encontrar…”.
"É a sensação do toque. Numa cidade a sério, as pessoas caminham, roçam umas nas outras, trocam encontrões...Aqui ninguém se toca.
"Desde muito novos temos uma estranha sensação nas costas. Custam-nos muito movimentos como o rastejar, o enterrar ou o arrastar. Olham-nos com desconfiança. Não entendemos bem o que nos falta e porque teimam em dizer que nos falta alguma coisa. Quando nos nascem as pequenas asas existe uma tendência quase natural para as esconder, não vá o diabo tecê-las e apontarem-nos também o dedo por termos algo de extraordinário. Evitamos grandes exposições, somos discretos e naturalmente calados. A medo e quase só em intimidade é que vamos abrindo as nossas pequenas asas. Os primeiros voos fazem-se em casa onde, normalmente, nos impulsionam e exemplificam os voos. Depressa nos habituamos às alturas, a ver as diferentes perspectivas da terra, das pessoas e objectos. Gostamos de dias de sol e de vento na cara. Em terra falta-nos algo, sentimo-nos presos, respiramos com dificuldade.Temos várias designações porque as pessoas gostam muito de rotular, etiquetar e tipificar sobretudo o que diz respeito aos outros. Uns chamam-nos cabeças no ar, alienados, almas do outro mundo e até loucos. Outros, porque não sabem bem quem são, procuram um modelo e dizem-nos heróis quando na verdade aquilo que temos é mesmo e nada mais do que asas.Vamos ganhando altura. As asas já não recolhem, em terra tropeçamos e derrubamos tudo. No céu, planamos e fazemos piruetas, somos ágeis.O acasalamento é difícil, não há muitas pessoas com asas, os rituais são arriscados e temos um pouso muito incerto. Mesmo em bando somos considerados um pouco solitários e muito independentes.Os anos vão passando, vamos envelhecendo, as asas ficam mais queimadas pelo sol, porém persistimos, insistimos no voo. Fazemos menos milhas, temos necessidade de ir mais vezes a terra. Então aí reinventamos novas formas de voar e, às vezes, ficamos apenas parados a observar o céu e pensar que já conhecemos uma considerável parte do mundo."Texto de Margarida Fortuna em palavras de sabão
Fotografia de Can