terça-feira, março 20, 2007

Tardes de Coimbra











Em jeito de recordação aqui ficam as imagens de uma breve passagem por Coimbra. Longe da Sé Velha ou da fachada Faculdade de Direito sobrevivem as imagens de uma artéria central movida pela gente. Por quem passa, pelos que olham de frente, pelos outros que auscultam de relance e pelos dois com quem partilhei o fino.

terça-feira, março 13, 2007
























Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela nao vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti.

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar.

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor.

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer.

Zeca Afonso
postado por Ana Marta Fortuna






segunda-feira, março 12, 2007

Estrela da Tarde




Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
e tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!
José Carlos Ary dos Santos
Fotografia de Morfosis
Postado por Ana Marta Fortuna

domingo, março 11, 2007

Quando era criança a primavera chegava assim...no cheiro!
Sentia o cheiro das flores logo pela manhã, a pele parecia mentol e o sol demorava-se pelas tardes. Escutavamos o cantar dos grilos a entrar pela janela do quarto, o vento morno a cobrir as brincadeiras e o céu azul a estender-se pelo horizonte, quando nos deitávamos com as costas na relva.
As flores eram as primeiras a ser notadas...muitas...até se perder de vista. Depois chegavam as joaninhas, com as suas capas vermelhas de bolinhas negras a percorrer os dedos para depois fugir, voando sem destino.
Realizavamos autênticas maratonas de bicicleta até ao rio, esquecendo sempre que o caminho de volta tinha que ser feito.
A mãe deixava-me andar descalça na relva, na terra, nas pedras quentes da eira...molhavamos os pés quando ela regava o jardim e corríamos atrás das borboletas que nasciam de um dia para o outro, tal como a Primavera.

Na sexta-feira ela chegou assim...não havia a eira, a mãe, os pés molhados, as costas deitadas na relva, mas ela chegou assim! Eu não sou criança mas a Primavera chegou.
Acordei para ir trabalhar, ouvi uma chefe recém licenciada na sua total ignorância, pequenina em sensatez proferir aguçadamente palavras de descontentamento, vi um homem chorar e uma colega a manifestar os seus dotes de comunicação. Vi um mundo que não cabia na minha infância e senti um coração pequenino na primavera que chegava.
Mas...
Veio a tarde...o rio outra vez...amava na Primavera. Talvez a primeira vez!
Veio o sábado e a praia...a alegria de partilhar a Primavera e de molhar os pés na areia e fazer palhaçadas.
Veio o Domingo...a mãe...o pai...as mãos da mãe...o amor da minha mãe...o braço forte do meu pai a segurar-me as quedas (já não tão forte agora)...as flores sem fim, a relva nas costas e o céu azul como única imagem.
Amanhã, independentemente de tudo, o "sol estará em cada sílaba"...E EU VOU AMAR...simplesmente porque mereço! Porque não sei como virá o futuro e o presente é o único tempo que tenho para viver e para amar, sem ter que me sentir culpada por isso!


Ana Marta Fortuna
Fotografia de Petrova

domingo, março 04, 2007


Uma viajem colorida
depois de tanto tempo sem férias.
A ideia de um futuro diferente
a força de uma vontade em querer marcar a diferença.
Um amor que não se concretiza.
Um outro que apenas se idealiza.
Livros para ler, desenhos para colorir, mapas para se percorrer, gentes por conhecer.
Há fins que trazem a profunda certeza de que o início deve ser diferente.
Um caminho novo se impõe...
Uma procura! A verdadeira esperança!
A vontade...por agora apenas ela e tudo mais vem por acréscimo.


Ana Marta Fortuna

fotografia de malkievicz