quarta-feira, junho 28, 2006

A Felicidade ilustrada





















Para quem ainda tem dúvidas aqui fica a prova de que Google é verdadeiro oráculo, é a resposta a das as perguntas.

O que é a felicidade?

O Google apresenta a resposta, há dúvidas?

E isto da felicidade não é fácil de encontrar, nem mesmo na Internet.

(http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.hasilvestre.org.br/advir/imagens/GoldSat1/images/people%2520in%2520heaven%2520happy.jpg&imgrefurl=http://www.hasilvestre.org.br/advir/imagens/GoldSat1/pages/people%2520in%2520heaven%2520happy.htm&h=1046&w=800&sz=559&hl=pt-PT&start=1&tbnid=10oc0RN8Iqz5SM:&tbnh=150&tbnw=114&prev=/images%3Fq%3Dhappy%2Bpeople%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-PT%26lr%3D%26sa%3DG)

Máquinas (como eu)

Dia cinzento, sem chama.
Passa-se o dia em revista em frente ao computador, lá fora é o ruído das máquinas.
São cinco e meia e ainda não ouvi gritos lá fora. Os carros contornam a rotunda, ninguém ri ou chora, ama ou é amado. E a ilusão do mundo aqui tão perto. São cores, linhas de histórias. A cultura do bizarro num mundo que é, no essencial, tão simples. O ruído das máquinas permanece, na rádio desfilam montagens eléctricas...mudam-se as frequências e continuo sem encontrar a tua voz.

Hoje sinto a tua falta, amanhã a máquina que sou já te deixou para trás.

segunda-feira, junho 26, 2006

Silêncio
















Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio

John... just John

Com a mesma simplicidade com que alguém se apelida de John...just John, as noites recobrem-se de pequenas descobertas, palavras e momentos que bailam e que desenham momentos especiais e situações inesperadas.

Quando se entra no restaurante turco à procura de respostas e só se encontram vestígios de inglês falado, nunca se deveria pedir kebab e sentar-se à mesa a apreciar o tipo turco.
O John é turco mas nasceu na Holanda, em Eindhoven, "a cidade da Phillips", das televisões e dvd's. Recordações de uma vida que ficou para trás, agora que o John vive as 24 horas do dia na Rua de Ceuta. Em pouco mais de um mês, as impressões do John resumem-se ao português rasurado, em tom de desfile poético: "meninas portuguesas bonitas". Pela conversa e por entre a sandes de kebab ondularam equívocos. Há sempre situações que me fazem pensar que o grave problema da humanidade não é a proliferação nuclear ou a exploração dos pobres pelos mais ricos. Chega da eterna dinâmica da luta de classes. Na realidade, o que faz o sangue jorrar são as palavras, ou seja a falta delas ou a sua total incompreensão. Mais do que o toque, as palavras, os registos vagos de uma história, são gestos de intimidade. Os equívocos da comunicação criaram o equívoco da guerra. Pior é a diversidade linguística ter sido substituída, para efeitos práticos, pela universalidade da pólvora.
No turco, e apesar dos equívocos que apimentaram a conversa muito para além do chili, as palavras criaram uma noite diferente. As meninas subiram ao piso de cima e trocaram fumo com o John. Ele, mais honesto e mais dado à partilha, falou da vida de quem cresceu depressa demais. Pelos círculos de fumo, pelos tragos de wiskey turco e pela música que o John nos apresentou ficaram momentos de partilha. Devolvemos equívocos, risos finos.

Assim, por entre a noite escura, entregues à pacatez de uma sala com recortes arabaicos é mais fácil partilhar momentos. A língua é estranha e o John também...Perfeito para quem se refugia da intimidade.


P.S. O John está no Porto há um mês e duas semanas e gosta de "meninas portuguesas", o rapaz também é arranjadinho e não há razão para não passar no turco da Rua de Ceuta e, sobretudo, não há motivos para não partilhar três horas com o John...just John.

domingo, junho 25, 2006

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.


He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever:
I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.
Funeral Blues
W.H. Auden
ilustração de Navya Srinivasan

dimensaooculta

domingo, junho 18, 2006

A ti...

Elegia em chamas
Arde no lar o fogo antigo
do amor irreparável
e de súbito surge-me o teu rosto
entre chamas e pranto, vulnerável:
Como se os sonhos outra vez morressem
no lume da lembrança
e fosse dos teus olhos sem esperança
que as minhas lágrimas corressem.

Poema de Carlos de Oliveira

Degas Ballerina Statue Study
graphite drawing



dimensaooculta

sábado, junho 10, 2006





















"...Outra vez te revejo,
Sombra que passa através de sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim.
Um bocado de ti e de mim!..."
Fernando Pessoa 1926
Fotografia a partir de um quadro de William Blake

dimensaooculta