sábado, dezembro 31, 2005

O velho conceito do novo ano...

Não me faz diferença nenhuma...Acabaram os doces...acabou o ano...Começa tudo de novo...Não sei ainda porque nos damos ao trabalho se tudo continua na mesma.
Nada muda a não ser a esperança que o nosso conceito de ano novo nos traga algum confronto por não sabermos viver de outra forma...
À semelhança do velho ano, o novo ano vislumbra-se exactamente da mesma forma. Em breve será velho outra vez e estaremos de novo a pedir para que o próximo seja melhor.
Vamos guardar as velhas fotografias na arca e esperar que o mundo nos traga um sorriso embriagado.
Não me faz diferença nenhuma...Correrei muito para acabar os meus dias na beira do Mar onde um anjo iluminado guardará os meus sonhos, até que seja fim-de-tarde para sempre, dourando o céu de felicidade.

dimensaooculta

sábado, dezembro 24, 2005

É NATAL!

Hoje quero acreditar que a magia persiste e que os sonhos vão para além da massa frita e da canela. Hoje, com o cheiro a fritos e com as rabanadas à porta quero acreditar no mundo, na felicidade, na amizade e no amor...Acredito porque hoje é Natal e porque um sorriso pode vir a mudar o mundo.

Para todos aqueles que sabem que os adoro basta dizer que permanecem bem fundo no meu sonho de Natal. Para os outros, ficam os desejos de que sejam a parte mais humana, que faz de nós mais do que meros pedaços de carne.

Para ti, em especial, fico eu...como sempre, aliás.

Beijos e muitas felicidades!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Não se deve correr com uma tesoura na mão

Não se deve correr com uma tesoura na mão…especialmente na época de Natal.
Não vá a tesoura fugir-nos da mão despropositadamente e acertar na cabeça de alguma empregada daquelas muito simpáticas dos centros comerciais.
Claro que ninguém visualiza aquelas tesouras enormes de podar, que num só apertão cortaria os dedos a uma tão simpática donzela, dessas que se passeia na rua, e que ao bambolear vai contra todo o mundo, sem nunca pedir desculpa.
Certamente ninguém imaginaria que essa mesma tesoura pudesse acidentalmente escorregar e furar um pneu de um daqueles tão exímios condutores que não para nas passadeiras…
É por isso que eu gosto do Natal…é uma época tão alegre e divertida.
As pessoas correm calmas em busca dos presentes ideais. Os enfeites de Natal são sempre tão originais, principalmente aqueles dos pais natais a subir uma janela…Os chocolates sabem melhor quando custam o triplo do preço que custariam numa época “normal”…é uma altura em que pessoas imbuídas pelo espírito do “freneticismo” tropeçam no espaço umas das outras sem se tocarem e sem pedirem desculpa…As ruas CHEIAS de gente CHEIAS de pressa CHEIAS de coisa nenhuma.
As músicas nas lojas com um ambiente sonoro agradável, sem nenhum tipo de poluição sonora. Os roubos natalícios, que ninguém leva a mal (por ser Natal) nas lojas dos chineses. Chineses estes por ser Natal até baixam os preços dos produtos, só para se inserirem na cultura…e nem importa que se compre um tira borbotão por 2 euros que não funciona porque até vinha com pilhas incluídas.
É Natal…É Natal e os meninos todos a chorar e as mãezinhas todas a delirar e os paizinhos todos a desesperar e os filhinhos todos a estragar e as avozinhas todas a brincar…
Desculpem-me os mais eruditos, os crentes e os menos crentes, os bem-educados e os religiosos, os ricos de espírito e os consumistas mas que se foda o Natal!
Que se foda o Natal com as suas luzinhas mais os pinheirinhos e as bolinhas e os gorros e mais uma quantidade de tralha supérflua que se foi criando…
Não há pachorra para tanta porcaria!
Para prenda de Natal queria que não houvesse o Natal...pelo menos não desta forma, tão institucionalizada e tão frenética onde sempre nos esqueçemos de que os doces devem ser saboreados quentes assim como um longo abraço.
Um abraço quente e doce para todos os meus amigos!

dimensaooculta

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Procura-se

Nesta cidade nunca se encontra quem se quer e acaba sempre por se encontrar todos aqueles que não queremos. É uma cidade pequena parada num estranho nevoeiro onde não vemos ninguém! Esta cidade tem a particularidade de não estar à espera do príncipe encantado mas do D.Sebastião que vai sair do nevoeiro para salvar o país…
Sofremos do complexo de D.Sebastião e o fado é a nossa única expressão.
No norte agrava-se a situação…ainda não sei bem porque mas sei que se agrava e nada mais posso adiantar…
Vou esquecer sem cedilha, saber que vens sem sede a abarrotar de passado amorfo.
De teu nome Cachapuz nada mais sei.
É uma cidade pequena! Grande demais para tanto desencontro.

dimensaooculta

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Promessa

Uma noite num quarto desconhecido fiz uma promessa de selar o meu estômago para não sofrer de enxaquecas matinais do jantar do dia anterior…Todos sabemos que as promessas foram feitas para não serem cumpridas e para fazer parte da maioria é claro que não fiz nada do que teria destinado.
Fui dormir com um esqueleto no armário que de tão pequenino não cabia do espaço entre a minha almofada e o meu sonho…
Não te vi chegar!
Tinhas as unhas sujas com um negro de tinta dos quadros que estiveste a pintar…Não gosto de unhas sujas mas as tuas tinham uma certa piada…até o ranho que te corria do nariz para a barba aparada no lábio superior.
Não te vi chegar mas sabia que chegarias em qualquer altura…não te espero com uma lua nas mãos, nem com uma lanterna acessa…Em uma desproporcionalidade lógica fiz a assumpção de que não serias deste mundo. Enganei-me tanto quando me enganei com a promessa que fiz!
Ninguém é deste mundo! E todos somos de lugar nenhum!
Treparei pela tua altura como quem faz escalada de olhos fechados e com as mãos cegas de ignorância, com a alma aguçada, e a memória acutilante…
Uma noite de cores e depois uma promessa não cumprida num quarto desconhecido com um estranho ausente!
Os dias ignóbeis não se tocam uns nos outros…esqueceram-se de que para amar é preciso preliminares, é preciso beijar o espaço entre o nada e abraçar o abismo entre uma parede e um corpo em chamas.
Não te arrefeço…não me pareço com a imagem que desenhas no topo da fragilidade humana, no entanto o acaso padeceu no nosso sábado sem aviso prévio estavas no meu dia, sem nenhuma alternativa encarei como uma piada…Sim o meu nome é Ana e se soubesses de todos os meus esqueletos não me terias dito com prazer que me querias voltar ver.
Uma noite para ficar confusa com uma promessa que não cumpri!
Uma manhã de sábado sem um prognóstico favorável à recuperação dessa grande metamorfose que foi a tua abordagem. E tudo o que ainda me parece normal ficou outra vez inundado por uma anormalidade tão usual e já normal nos meus dias.
Conheço sempre as pessoas mais interessantes nos lugares mais desinteressantes por mim percorridos, nos dias onde até a pele se envergonha de existir.
Não te foste embora…ficas-te sentado na cadeira com o braço apoiado na cintura à espera que o acaso volte a acontecer tão despropositado quanto o rasgão nas tuas calças.
Fui viajar sem gasolina à procura de uma entrevista para um trabalho que gosto, fui viajar para encontrar uma resposta ás minhas frustrações…acabei perdida numa estação de serviço pedindo informações a uma mulher que não era deste mundo.
Acabei numa escola de teatro, com uma peça nas mãos parada em frente a um palco a pensar que já nada mais importava!
Que o meu nome sempre foi Ana, que as minhas promessas sempre foram as mesmas, que os meus encontros sempre foram estranhos, que a minha vida sempre foi irreal, que os meus dias sempre foram pinturas, que as pessoas sempre foram insuficientes, que as conversas sempre foram formatadas, que os meus sonhos sempre foram comprados e comparados…que tudo o que escrevo são apenas pequenas esferas…Já todos sabem! E ninguém se importa de verdade…ainda sofro por isso!
A verdade é que acabamos todos por ter o estômago pintado com vinho tinto e uma ressaca por uma promessa não cumprida, ou pela obrigação de uma vida normal…
Estás sentado! Estou ausente pela obrigação da vida! Ausente pelas razões óbvias.
Dez minutos de perfeita harmonia e o meu espectáculo está prestes a começar…

dimensaooculta

terça-feira, dezembro 13, 2005

Ser máquina... ser corpo!


Andar pelas ruas com um olhar de penetração e de evasão de pensamentos.
Ver os corpos sós.
Ver o que ninguém sente,
ver-te deitado na rua a comer as bisgas que o chão lamenta ter de aguentar.
Ver-te chorar por teres perdido o anel de brilhantes.
Ver-te mudar de país de pais, de mundo.
Ver-te simplesmente vazio a rezar por uma vida que não é tua,
Ver-te acreditar nas coisas que deixaram de fazer sentido.
Ver-te roubar uma carteira que não é tua, mas que teimas ficar com ela.

No fim da rua vejo um sorriso que não é humano. Tudo deixa de ser verdadeiro.
A máquina é um corpo, CORPO!
CORPO que SENTE O QUE NINGUÉM SENTE, QUE É O QUE NINGUÉM É! METAMORFOSE... Máquina: respira e o coração bate... estás proibido de pensar, fazes o que eu quero, pica o ponto.... Não espirra, não arrotes nem dês peidos, ai o menino tás despedido! Corpo: ama, sente, fica com calores, assusta-te, chora, grita, diz ao mundo que tás um farrapo e que ninguém te dá a oportunidade de seres tu CORPO, lindo, único.
Olha bem para o espelho! Olha! Já viste esse olhar bonito que a tua alma penetra, já viste as histórias bonitas que tens para me contar, já vistes essas mãos lindas... Eu AMO-TE!

Ser CORPO! CORPO! CORPO! CORPO!! Ser um corpo sonoro. Com ritmo, com vida. Gostar do som de um peido, gostar do barulhento e repenicado beijo que teimas em dar na parte mais saliente e carnuda da minha face, gostar de dar aquele arroto depois de comer o meu prato favorito feito com amor. Gostar daquele abraço penetrante que nos deixa perdidos, sem tempo, sem espaço, sem máquina.

Dulce
MDM:)!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

as coisas deixam de ser coisas para começarem a ser outras coisas!

Depois de séculos com quinze dedos sinto a necessidade de ter só dez. Aprender a viver com dez dedos, como será?

Hoje depois de voltas e voltas à procura de algo que não existia, vi que os teus olhos reflectiam os momentos de solidão e de paixão silenciosa que tentas esconder por entre sorrisos, o incrivel é que sempre que eu olhava para eles me faziam recordar o mundo dos dez dedos. Tu bem dizes que todos podemos ter quinze dedos mas se os cinco que acrescentamos fizerem sentido ainda melhor, as coisas tornam-se mais puras e bem mais bonitas.

Não sei se ainda esperas por mim no quiosque, nem sei se as últimas palavras que disseste fazem sentido hoje, mas permaneces comigo de forma tão intensa que as taquicardias começam a fazer parte do meu ritmo cardiaco normal.
Passei pelo teu mundo hoje e olhei sempre para trás com a esperança e medo de ter ver... não te encontrei, talvez não seja o momento. Talvez os quinze dedos passem para dez, talvez tudo faça sentido.

Até amanhã!
Dulce

sábado, dezembro 10, 2005

Viver

São dias assim que me fazem adormecer. Cair na sonolência, sentir que o ténue fio que nos une à vida só nos arrasta sem nos prender. Hoje a vida surge assim. Arrasta mas não prende. Passam o sol, a chuva, circulam as nuvens mas, cá em baixo, é como se nada se movesse. Pressinto o movimento mas a vida só me arrasta. Não morde, não arranha...passa de mansinho. Sinto-me a mim e olho para eles. Movimentos mecânicos, sentimentos deambulantes. Só. Por momentos, gostava de me sentir diferente, saltar da multidão, prender-me à vida, sentir o pulso eterna e freneticamente. Nada...só a vontade de viver. Cá fora, os passos são mecânicos, o sentir cada vez mais abafado.

Hoje, com o sol a fugir às três da tarde, sinto a vontade de um grito. Em redor, só a placidez de mais um dia. Em silêncio reprimo mais uma vez esta ânsia. Em silêncio permaneço assim...só.

terça-feira, dezembro 06, 2005

O som

Não era bom se por um instante o momento parasse e fosse só sol e cores?
Sem neutro para atrapalhar as vontades? Sem pessoas para impedir o caminho? Como era bom se hoje em vez de falar apenas pudesse olhar sem que ninguém visse…
Deixava a porta aberta; porque não havia frio; para entrares; até podias fazer barulho porque não existia ruído. Pousavas a pasta em cima da mesa e quando voltasses beijavas-lhe a mão sem pressas e o som que não ouviu iria ser um sorriso estanque na percussão da sua lembrança.
Hoje não está frio, nem é Inverno mas mesmo assim a porta continuou fechada e o frio continuava a entrar em vez do sorriso.
Há qualquer coisa errada com esta imagem, no mundo parece estar tudo certo, numa ordem que não entendo…Em pessoas que não quero, em gestos ridículos, palavras decompostas, salas vazias, corações de Inverno, espaços a abarrotar, comidas com muito sal, trabalhos nunca começados, dias sem ar, mentes sem cor, sapatos frios e casacos rotos com ar de abandono…cães sem dono, alunos sem formação, mulheres sem abono, homens sem tesão, crianças sem amor, velhos sem sexo, homossexuais sem conversa e heterossexuais sem cultura…
Não tinhas mais nada para lhe dizer…não fez sentido nenhum o que lhe disseste, não precisava ouvir nada teu no entanto precisava de ouvir alguma coisa que não fizesse sentido nenhum…
Obrigada

dimensaooculta

sexta-feira, dezembro 02, 2005

A urgência do tempo

Harmonioso vulto que em mim se dilui.
Tu és o poema
e és a origem donde ele flui.
Intuito de ter. Intuito de amor
não compreendido.
Fica assim amor. Fica assim intuito.
Prometido.

Natália Correia O Livro dos Amantes II


E o amor é só isto...uma promessa. De felicidade, de compreensão, de descoberta.

Mas, as promessas são vagas, quase etéreas. E o tempo corre, o meu olhar descai e tu permeneces lá longe. Completas-me, apesar da distância. Mas do teu sorriso, das tuas palavras e do teu toque surgem só promessas. Eu sou demasiado céptica para acreditar no destino mas suficientemente tola para acreditar em promessas, para viver de sonhos e para continuar a sentir que és tu que me completas.

Até lá, apesar de ti, o tempo passa e a lembrança do bater dos ponteiros pesa e disfarça os próprios sonhos. O tempo é a única chamada à realidade. Hoje sinto o tempo e a necessidade de viver para além de ti. Amanhã saberei que, apesar da urgência de viver, tu permaneces...inócuo.

Até logo!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Passado

Não quero reviver o passado!!Não quero voltar a sentir que és parte da minha vida, sentir que o teu corpo é calor e que nunca morreste...Oiço sempre a mesma melodia para me lembrar sempre do que não fui! De tudo aquilo que quis ser e que o ontem não deixou!
Porque insistes em voltar? Porque insistes se sabes que há dias em que as memórias não se escolhem e a tua imagem no meu quarto é a única coisa viva dentro de mim nestes anos todos...que o tempo encurta de todas as vezes que apareçes. Que me esqueço de falar mas que sinto ainda como uma permanente ferida aberta a pular nas minhas mãos!
Já não posso gritar, já todos se esqueçeram, já não posso chorar, porque já foste há muito tempo e já perdi o estatuto.
Não te posso amar, não te posso odiar, não te posso esqueçer, não te posso lembrar...Invades um espaço abandonado e não posso segurar-me nos teu braços, apenas porque não podes existir!
Reparo que estes dias tem sido construídos sobre a raiva que sinto de ti e ainda não te consegui perdoar! E não me perdoo a mim por não te conseguir perdoar.
Hoje vou no meu carro...no limite da minha insanidade...no limite do meu tempo...querendo nunca mais viver porque não viveste o tempo suficiente. E tão depressa é dia como noite outra vez e sorris por entre o fumo do cigarro, desaparecendo sempre que levo a mão ao cabelo. De todas as vezes que o meu mundo se vira de costas e cai ao rio.
É tarde, demasiado tarde! Tarde para te dizer! Tarde para esqueçer! Tarde para corrigir! Tarde para poderes ouvir! E no entanto tanto ficou por dizer...E tudo o que te queria dizer era para morreres de uma só vez...
Não me venhas com ideologias baratas! Não me venhas em sonhos desejar paz! Não me venhas com dogmas absurdos de uma universalidade inexistente, nem com pressupostos do que é o amor porque é exactamente a única coisa em que não posso acreditar, a única coisa que não posso sentir, pois queima sempre os dedos.
Tenho as mãos todas queimadas, os dedos em ferida, o corpo em sangue, a alma arder porque ainda hoje fico à espera que voltes, não como tu és mas como quero que sejas...imortal e longe de mim! Tão longe até me poder esqueçer que algum dia te amei como jamais poderei amar alguém!
Odeio-te por isso...não me deixaste nada depois de ti! E mais nada poderei ser enquanto não me deixares ir!


dimensaooculta