sexta-feira, julho 25, 2008
quinta-feira, julho 17, 2008
quarta-feira, julho 16, 2008
Léo Ferré chantant les poètes
"É a casa do mundo:
desaparece em seguida" Luísa N Jorge
anamartafortuna
Porque sou mulher
O dia estava quente. Um calor omnipresente, sufocante, não havia gota de suor que não transportasse um travo de choro. Eram lágrimas talvez...nunca se confirmou. Ela descia a rua apertada com o desejo na face. Não é fácil viver na eminência de um qualquer desastre. Ela sabia que os saltos não ajudavam ao caminho, que o sol não vestia réstia de esperança. Só ela, o calor atroz, a vontade de chegar e um monte de pequenas histórias que resumiam uma existência quase insignificante. Só isso é quase tudo num dia assim.
A inconsistência das histórias passa precisamente pelas versões. Onde há versões há gente. Onde passa o homem, há pó, há sangue, haverá sempre feridas em aberto.
P.S.: De regresso mas sempre por perto
terça-feira, julho 15, 2008
Hoje ao sair do trabalho, mais uma vez esqueci-me do lugar onde tinha estacionado o carro. No caminho errado vejo um rapaz de pouco mais de 30 anos, muito engraçadinho (do tipo de exemplar que eu gosto de olhar) com um sorriso largo e um olhar brilhante. Olhamo-nos desde o início da rua. Quando passei por ele, disse-me num piropo gentil: Agora tenho a certeza de que vou ser muito feliz no Porto. Apercebi-me logo que tinha deixado o carro no caminho inverso ao que seguia, mas não querendo dar parte de fraca continuei e dei uma volta monstruosa só para poder ir para o meu boguinhas.
Diverte-me a capacidade de os homens acreditam em tudo o que as mulheres representam e na intensa idealização destas apenas pelo aspecto exterior.
Diverte-me mesmo muito!
Pintura de Gustav klimt
Diverte-me a capacidade de os homens acreditam em tudo o que as mulheres representam e na intensa idealização destas apenas pelo aspecto exterior.
Diverte-me mesmo muito!
Pintura de Gustav klimt
quinta-feira, julho 10, 2008
terça-feira, julho 08, 2008
Nevoeiro
A cidade caía
casa a casa
do céu sobre as colinas,
construída de cima para baixo
por chuvas e neblinas,encontrava
a outra cidade que subia
do chão com o luar
das janelas acesas
e no ar
o choque as destruía
silenciosamente,de modo que se via
apenas a cidade inexistente.
Fotografia de Mário Bruno Pastor
Carlos de Oliveira, Nevoeiro
sexta-feira, julho 04, 2008
Amália rodrigues,Live in Romania,"Barco Negro",1969
Para os mais novitos e para os mais velhinhos :)
Bom Fim-de-semana.
Anamartafortuna
quinta-feira, julho 03, 2008
Sabes meu amor, uma vez vi-te num sítio incerto e olhaste-me como nunca se pode olhar uma mulher. Não sei que nome dar a esses olhos mas eram um abismo dentro de uma piscina azul cheia de peixes cor das laranjas do meu quintal.
Eu não queria que me conhecesses, eu não queria de todo ter que articular uma única palavra para chegar até ti, o certo é que desde o azul da piscina até o azul do mar, que as palavras não se cansam de chegar e o mundo não se cansa de me esbarrar contra ti na estranha arte dos encontros após eternos desencontros.
Naquele corpo como sempre me conheceu não há transparência que não se suje com a vontade lúgubre de corpos apodrecidos ao sol, com a vontade de comer por dentro da carne, deixando os lábios vermelhos de sangue.
Ainda vejo o azul da piscina…lá dentro ainda vejo bailarinas em pontas a dançar dentro do azul da água, dentro da transparência das minhas mãos, por baixo do sangue das feridas…Por vezes ainda consigo ver!
Pintura de Edgar Degas
Eu não queria que me conhecesses, eu não queria de todo ter que articular uma única palavra para chegar até ti, o certo é que desde o azul da piscina até o azul do mar, que as palavras não se cansam de chegar e o mundo não se cansa de me esbarrar contra ti na estranha arte dos encontros após eternos desencontros.
Naquele corpo como sempre me conheceu não há transparência que não se suje com a vontade lúgubre de corpos apodrecidos ao sol, com a vontade de comer por dentro da carne, deixando os lábios vermelhos de sangue.
Ainda vejo o azul da piscina…lá dentro ainda vejo bailarinas em pontas a dançar dentro do azul da água, dentro da transparência das minhas mãos, por baixo do sangue das feridas…Por vezes ainda consigo ver!
Pintura de Edgar Degas
terça-feira, julho 01, 2008
Digam que foi mentira, que não sou ninguém,
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada
fechada como boca onde não encontro nada:
não encontro respostas para tudo o que pergunto nem
na verdade pergunto coisas por aí além
Eu não vivi ali em tempo algum
Ruy Belo, Digam que foi mentira
Pintura de Georges Braque
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