Quantas vezes me tenho esquecido de sonhar.
Rego o corpo de desejo
alimentando a fome dos outros
que vem poisar
no meio do meu útero.
Sou Mulher.
Mulher fértil, Mulher louca...Mulher.
Tenho em mim todos os desejos
de homem, de sede e de mar e
sofreguidão de ser ainda mais Mulher
de feições rudes, passo largo
lavrando os caminhos onde me conto.
Mulher de sexo, Mulher mãe
Mulher erótica, Mulher de amor
Puta de Mulher.
Escorrem gotas de suor
enquanto danço por baixo da chuva
desejando ser ainda mais Mulher.
Edvard Munch (Madonna)
quarta-feira, junho 25, 2008
terça-feira, junho 24, 2008
O que de nós mais dura: só esqueleto
que nos fez ósseos mais do que moluscos.
O resto acaba tudo: quanto foi sentidos,
vontade, amor, inteligência, carne,
e sobretudo sexo, o sexo acaba
e se desfaz na mesma pasta informe
e fim de tudo que não é só ossos,
apenas os detritos da armação mecânica
de que se pendurou por algum tempo,
em sangue e carne, o porque somos vida.
E aquilo com que a vida se gozou
ou por acaso vidas foram feitas,
acaba como o mais – e os ossos ficam,
dos deuses esburgados. Porque os deuses temem
que sobreviva o sexo em de que morrem
na liberdade de existir-se nele.
Jorge de Sena "Restos Mortais"
Fotografia de Minor White
que nos fez ósseos mais do que moluscos.
O resto acaba tudo: quanto foi sentidos,
vontade, amor, inteligência, carne,
e sobretudo sexo, o sexo acaba
e se desfaz na mesma pasta informe
e fim de tudo que não é só ossos,
apenas os detritos da armação mecânica
de que se pendurou por algum tempo,
em sangue e carne, o porque somos vida.
E aquilo com que a vida se gozou
ou por acaso vidas foram feitas,
acaba como o mais – e os ossos ficam,
dos deuses esburgados. Porque os deuses temem
que sobreviva o sexo em de que morrem
na liberdade de existir-se nele.
Jorge de Sena "Restos Mortais"
Fotografia de Minor White
domingo, junho 22, 2008
terça-feira, junho 17, 2008
Caminho sem pés e sem sonhos
só com a respiração e a cadência
da muda passagem dos sopros
caminho como um remo que se afunda.
os redemoinhos sorvem as nuvens e os peixes
para que a elevação e a profundidade se conjuguem.
avanço sem jugo e ando longe de
caminhar sobre as águas do céu.
Daniel Faria "Explicação das Árvores e de Outros Animais"(1998) Caminho sem pés e sem sonhos
Fotografia de Henri Cartier Bresson
terça-feira, junho 10, 2008
Para o teu corpo criaria outdoors
magníficos e circunstanciais.
Os transeuntes boquiabertos apontariam
com dedos tesos a tua aparição beatífica
e ponderariam astros à procura de um sinal.
magníficos e circunstanciais.
Os transeuntes boquiabertos apontariam
com dedos tesos a tua aparição beatífica
e ponderariam astros à procura de um sinal.
Calarias a passagem do tráfego
ensurdecerias a má-língua circunvizinha
alimentarias o sonho de guindastes
e as montras haveriam de fechar em sinal de respeito.
ensurdecerias a má-língua circunvizinha
alimentarias o sonho de guindastes
e as montras haveriam de fechar em sinal de respeito.
Eu, por minha vez, con
sentir-te-ia lancinante e trémulo como uma abóbora, místico e surreal como um acento
de intensidade. Olhar-te-ia com
formigueiro nas pernas e desataria
a implorar-te o perdão de coisas que nunca foram minhas.
sentir-te-ia lancinante e trémulo como uma abóbora, místico e surreal como um acento
de intensidade. Olhar-te-ia com
formigueiro nas pernas e desataria
a implorar-te o perdão de coisas que nunca foram minhas.
Daniel Jonas, MOÇA FORMOSA, LENÇÓIS DE VELUDO( Moça for Muse)
Fotografia de Edward Weston
domingo, junho 08, 2008
sexta-feira, junho 06, 2008
Ballad in E minor
Há a desilusão onde a magia já adormeceu. Há a magia que nunca se perde num mundo se coisas desencontradas. Eu acredito na magia. Pela urgência de sentir ou só pela mera necessidade de acreditar nela para viver aqui.
Mas há desilusões que merecem ser vistas em ambiente animado (para esquecer das outras tão reais)
Ballad in E minor
Mas há desilusões que merecem ser vistas em ambiente animado (para esquecer das outras tão reais)
Ballad in E minor
Serralves em festa
Das 8h da manhã de sábado, 7 de Junho, até às 24h de Domingo, 8 de Junho, o Parque, o Museu, o Auditório e a Casa de Serralves recebem mais de 80 actividades e mais de 300 artistas, em mais de 200 momentos de apresentação.
Estão representadas as áreas da música, ópera, dança, performance, teatro, novo circo, leitura, cinema, vídeo, fotografia, oficinas, visitas orientadas e exposições.
Algures no meio dos jardins, a partir da 00:00 vai aconteçer um pequeno concerto comemorativo de alguns anos de existência de uma certa pessoa, onde estão previstas as actuações de várias personalidades do panorama Portuense cantando apenas uma música. É a festa dentro da festa. Estão convidados a apareçer! Se nos encontrarem...
Como prenda de aniversário fica o famoso TOPO GIGIO para se deliciarem!!!!E mais TOPO
fotografia retirada no blog aesperadegodot.blogs.sapo.pt
Estão representadas as áreas da música, ópera, dança, performance, teatro, novo circo, leitura, cinema, vídeo, fotografia, oficinas, visitas orientadas e exposições.
Algures no meio dos jardins, a partir da 00:00 vai aconteçer um pequeno concerto comemorativo de alguns anos de existência de uma certa pessoa, onde estão previstas as actuações de várias personalidades do panorama Portuense cantando apenas uma música. É a festa dentro da festa. Estão convidados a apareçer! Se nos encontrarem...
Como prenda de aniversário fica o famoso TOPO GIGIO para se deliciarem!!!!E mais TOPO
fotografia retirada no blog aesperadegodot.blogs.sapo.pt
quinta-feira, junho 05, 2008
terça-feira, junho 03, 2008
Da aparência inútil de todos nós fica o rio a descer sobre o mundo num último mito...
O último beijo!
A vida serviu-se de mim para ser escrava de momentos.
Fotografia de Henri Cartier Bresson
Listening "relax" Scout Niblett
O último beijo!
A vida serviu-se de mim para ser escrava de momentos.
Fotografia de Henri Cartier Bresson
Listening "relax" Scout Niblett
domingo, junho 01, 2008
Resistir
Acabaram a noite abraçados pela distância que consumia as cidades.
Abraçados de pé na estação do metro, um em cada direcção, ambos em direcções diferentes com o olhar parado na linha. Eu esperava que algum cedesse ao mínimo murmurar de saudade. Ficaram assim durante horas…eu fiquei com eles até deixar de distinguir o dia da noite.
Nenhum de nós estava ali para apanhar o metro…nenhum de nós queria estar ali, naquele imoral lamento. Por vezes éramos acordados por uma palavra, ou por um qualquer toque ilusório de uma qualquer vida. Eles não tiravam o olhar da linha, eu não conseguia tirar os meus olhos dos dois, à espera que algum cedesse.
Falavam em silêncio daquele abraço…riam baixinho, longe dos outros olhares. Muito longe de qualquer suspeita que seriam dois amantes. Porquê esconder se na verdade ninguém os conhecia?
Há muito tempo deixei de acreditar em histórias de amor…sei que há muito tempo que aqueles dois deixaram de amar, mas nunca vi pessoas tão perfeitas uma para a outra a resistirem-se tanto por uma simples linha de metro.
Fotografia de Zorán Varga " give me your word"
Abraçados de pé na estação do metro, um em cada direcção, ambos em direcções diferentes com o olhar parado na linha. Eu esperava que algum cedesse ao mínimo murmurar de saudade. Ficaram assim durante horas…eu fiquei com eles até deixar de distinguir o dia da noite.
Nenhum de nós estava ali para apanhar o metro…nenhum de nós queria estar ali, naquele imoral lamento. Por vezes éramos acordados por uma palavra, ou por um qualquer toque ilusório de uma qualquer vida. Eles não tiravam o olhar da linha, eu não conseguia tirar os meus olhos dos dois, à espera que algum cedesse.
Falavam em silêncio daquele abraço…riam baixinho, longe dos outros olhares. Muito longe de qualquer suspeita que seriam dois amantes. Porquê esconder se na verdade ninguém os conhecia?
Há muito tempo deixei de acreditar em histórias de amor…sei que há muito tempo que aqueles dois deixaram de amar, mas nunca vi pessoas tão perfeitas uma para a outra a resistirem-se tanto por uma simples linha de metro.
Fotografia de Zorán Varga " give me your word"
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