quarta-feira, fevereiro 28, 2007
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Pelas marés
Hoje abri novamente a janela onde sempre me debruço
e escrevi: aqui está a imobilidade aquática do meu país,
o oceânico abismo com cheiro a cidades por sonhar.
invade-me a vontade de permanecer aqui, para sempre,
à janela, ou partir com as marés e jamais voltar...
releio o que escrevi há doze anos, neste mesmo lugar:
as canetas secaram, os lápis ficaram esquecidos não sei
onde. as borrachas já não apagam a melancolia das palavras.
a escrita que inventámos evadiu-se do corpo.
o vazio devora-nos. onde estivemos este tempo todo?
voltaremos a encontrar e a tocar nossos corpos?
Fotografia: Paulo Cesar
Texto: Al Berto, O Medo
sábado, fevereiro 24, 2007
desamparada queda
Virá o dia
em que também nós
da torre de vidro
para o vazio saltaremos.
Em desamparada queda
estamos já.
Entre o salto
e a derradeira palavra,
lembrar-nos-emos
de uma nuvem ou de um madrigal.
De que nos serve
o brilho ínsito
em rápidos vidros durante a queda?
Turvamos águas.
Nada mais.
em que também nós
da torre de vidro
para o vazio saltaremos.
Em desamparada queda
estamos já.
Entre o salto
e a derradeira palavra,
lembrar-nos-emos
de uma nuvem ou de um madrigal.
De que nos serve
o brilho ínsito
em rápidos vidros durante a queda?
Turvamos águas.
Nada mais.
Fotogragia: Artur K.
Texto: Luís Quintais (angst)
Ana Marta Fortuna
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Quando a procissão passa...
Rever a procissão fez-me recuar no tempo. As meninas das fitinhas são outras, há sorrisos abertos, há quem se esconda dos olhares, há quem se mostre à multidão. Hoje elas, ontem eu.
É estranho como um domingo de Fevereiro, aparentemente desinteressante, incómodo e chuvoso, me trouxe de volta à infância. Assim, sem contar rever os brilhos do vestido da Primeira Comunhão, os cachos que me pendiam do cabelo, os passos de bailado com que passeava pela procissão, reencontrei. Não a mim. Só aquele desejo de viver, de sorrir, de seguir com a multidão, de ouvir a explosão dos foguetes. De sentir.
A procissão passou, a chuva fica e o incómodo também. O deslumbre seguiu com a fanfarra. Ficam as certezas que me movem. Hoje mais erradas que sempre. Fica a perda de tudo o que poderia ter sido, fica o medo de que nunca venha a ser. Fica a angústia e o amargo na boca pelas verdades que passaram e pelas mentiras que foram permanecendo.
O encanto dos olhos da Jéssica, que me sorriu, fez-me lembrar o brilho dos dias em que os sonhos eram mais que promessas vãs. Hoje muitos dos sonhos partiram, ficaram só certezas abruptas. As mesmas certezas que minam todo o percurso para o que deveria ser. Fica o que é, fica a chuva, o frio. Lá longe, só o foguetório. Há gente que ama, sorri, desespera, sofre. No domingo não fui mais que aquela que ficou para trás, bem longe da fanfarra e dos foguetes. Só.
É estranho como um domingo de Fevereiro, aparentemente desinteressante, incómodo e chuvoso, me trouxe de volta à infância. Assim, sem contar rever os brilhos do vestido da Primeira Comunhão, os cachos que me pendiam do cabelo, os passos de bailado com que passeava pela procissão, reencontrei. Não a mim. Só aquele desejo de viver, de sorrir, de seguir com a multidão, de ouvir a explosão dos foguetes. De sentir.
A procissão passou, a chuva fica e o incómodo também. O deslumbre seguiu com a fanfarra. Ficam as certezas que me movem. Hoje mais erradas que sempre. Fica a perda de tudo o que poderia ter sido, fica o medo de que nunca venha a ser. Fica a angústia e o amargo na boca pelas verdades que passaram e pelas mentiras que foram permanecendo.
O encanto dos olhos da Jéssica, que me sorriu, fez-me lembrar o brilho dos dias em que os sonhos eram mais que promessas vãs. Hoje muitos dos sonhos partiram, ficaram só certezas abruptas. As mesmas certezas que minam todo o percurso para o que deveria ser. Fica o que é, fica a chuva, o frio. Lá longe, só o foguetório. Há gente que ama, sorri, desespera, sofre. No domingo não fui mais que aquela que ficou para trás, bem longe da fanfarra e dos foguetes. Só.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Passam tão rápido as coisas lá fora.
Tão depressa que as não posso sentir.
Passam tão rápido as coisas lá fora. Tão rápido.
Chove há mais de um ano no meu colo de marfim.
Há mais de um ano que estou abrigada da chuva menos o meu colo,
que começa a apodrecer
porque chove à mais de um ano no meu colo de marfim.
Aperto contra o meu colo um mar
que não vejo desde que nasci.
Esse mar que tem um ano, que aperto contra o colo de marfim.
A verdade é que tenho pouco mais do que um ano de vida ou de mar.
Desde esse tempo
cravei fundo as unhas
para apertar as coisas contra o meu colo de marfim
que tenho há pouco mais do que um ano.
Choveu a vida inteira
dentro de mim.
Chove todos os dias
dentro de mim
um vida incompleta.
Não sei se é água do mar
ou se a água das lágrimas do colo de marfim.
Dói porque é tão pequenino o colo,
nunca conheceu nada a não ser chuva e a força do mar apertado contra ele.
Tão pequenino e já tão podre.
Tão podre e já tão esquecido.
Se as coisas não corressem tão rápido
talvez ainda hoje fosse ontem
talvez o ontem fosse pouco mais de um ano para trás
e parasse de chover
para que o meu colo de marfim
acabado de nascer
pudesse arranjar um sitio para se abrigar da chuva.
Tão depressa que as não posso sentir.
Passam tão rápido as coisas lá fora. Tão rápido.
Chove há mais de um ano no meu colo de marfim.
Há mais de um ano que estou abrigada da chuva menos o meu colo,
que começa a apodrecer
porque chove à mais de um ano no meu colo de marfim.
Aperto contra o meu colo um mar
que não vejo desde que nasci.
Esse mar que tem um ano, que aperto contra o colo de marfim.
A verdade é que tenho pouco mais do que um ano de vida ou de mar.
Desde esse tempo
cravei fundo as unhas
para apertar as coisas contra o meu colo de marfim
que tenho há pouco mais do que um ano.
Choveu a vida inteira
dentro de mim.
Chove todos os dias
dentro de mim
um vida incompleta.
Não sei se é água do mar
ou se a água das lágrimas do colo de marfim.
Dói porque é tão pequenino o colo,
nunca conheceu nada a não ser chuva e a força do mar apertado contra ele.
Tão pequenino e já tão podre.
Tão podre e já tão esquecido.
Se as coisas não corressem tão rápido
talvez ainda hoje fosse ontem
talvez o ontem fosse pouco mais de um ano para trás
e parasse de chover
para que o meu colo de marfim
acabado de nascer
pudesse arranjar um sitio para se abrigar da chuva.
Ana Marta Fortuna
Fotografia de Jeff Hahn
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Curiosidades
A propósito do referendo, fica aqui mais uma curiosidade sobre a igreja católica, que muito me apraz divulgar...
17/3/1487 – O Rei D. João II, perdoou e pôs em liberdade, Fernando da Costa, Prior de Trancoso , por ter tido relações sexuais com 54 concubinas, das quais teve 275 filhos (200 filhas e 75 filhos): de 29 afilhadas teve 97 filhas e 37 filhos; de 9 comadres teve 38 filhas e 18 filhos, de 7 amas teve 29 filhas e 5 filhos, de 2 escravas teve 21 filhas e 7 filhos; de uma tia teve 3 filhos; de 5 irmãs teve 15 filhas e 3 filhos; e da própria mãe teve 2 filhos. A sentença está arquivada na «Torre do Tombo» (ano de 1487, maço n.º 7, armário n.º 5).
17/3/1487 – O Rei D. João II, perdoou e pôs em liberdade, Fernando da Costa, Prior de Trancoso , por ter tido relações sexuais com 54 concubinas, das quais teve 275 filhos (200 filhas e 75 filhos): de 29 afilhadas teve 97 filhas e 37 filhos; de 9 comadres teve 38 filhas e 18 filhos, de 7 amas teve 29 filhas e 5 filhos, de 2 escravas teve 21 filhas e 7 filhos; de uma tia teve 3 filhos; de 5 irmãs teve 15 filhas e 3 filhos; e da própria mãe teve 2 filhos. A sentença está arquivada na «Torre do Tombo» (ano de 1487, maço n.º 7, armário n.º 5).
Dia 11 de Fevereiro vota SIM
Ana Marta Fortuna
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Flash Mob pelo Sim
http://www.blocomotiva.net/
O contraste evidente entre manifestações serenas e alegações desesperadas como as de Júlio Castro Caldas no programa Prós e contras.
Dia 11 de Fevereiro vota SIM
Ana Marta Fortuna
O contraste evidente entre manifestações serenas e alegações desesperadas como as de Júlio Castro Caldas no programa Prós e contras.
Dia 11 de Fevereiro vota SIM
Ana Marta Fortuna
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
E o diabo fala espanhol...
Lúcifer, Belzebu, Asmodeu, Azazel, Cadreel, Mastema, Mefistófeles, Satã ou Sier são meras designações para aquele ser enigmático....o Diabo.
Se, nestes casos, o 666 é o número do Demo então o mistério foi hoje finalmente desvendado...o diabo fala espanhol...chama-se José Ramón Casteló, trabalha no ramo das lentes de contacto e nasceu a 6/6/66....às 6 horas!!!!!!!!!!!!
Para não restarem quaisqueres dúvidas aqui fica outro dado de interesse...é responsável ibérico de uma empresa de lentes de contacto que causou um grave problema ocular a mais de 100 pessoas em todo o mundo, sendo que algumas ficaram mesmo cegas. A empresa chama-se Bausch& Lomb, o que deve dizer muito pouco ao simples mortal...mas parece dizer muito ao DEMO!
Aqui
Se, nestes casos, o 666 é o número do Demo então o mistério foi hoje finalmente desvendado...o diabo fala espanhol...chama-se José Ramón Casteló, trabalha no ramo das lentes de contacto e nasceu a 6/6/66....às 6 horas!!!!!!!!!!!!
Para não restarem quaisqueres dúvidas aqui fica outro dado de interesse...é responsável ibérico de uma empresa de lentes de contacto que causou um grave problema ocular a mais de 100 pessoas em todo o mundo, sendo que algumas ficaram mesmo cegas. A empresa chama-se Bausch& Lomb, o que deve dizer muito pouco ao simples mortal...mas parece dizer muito ao DEMO!
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