Hoje abri novamente a janela onde sempre me debruço
e escrevi: aqui está a imobilidade aquática do meu país,
o oceânico abismo com cheiro a cidades por sonhar.
invade-me a vontade de permanecer aqui, para sempre,
à janela, ou partir com as marés e jamais voltar...
releio o que escrevi há doze anos, neste mesmo lugar:
as canetas secaram, os lápis ficaram esquecidos não sei
onde. as borrachas já não apagam a melancolia das palavras.
a escrita que inventámos evadiu-se do corpo.
o vazio devora-nos. onde estivemos este tempo todo?
voltaremos a encontrar e a tocar nossos corpos?
Texto: Al Berto, O Medo
1 comentário:
Parabéns! Tenho umas palavras de sabão para ti!
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