terça-feira, fevereiro 13, 2007

Quando a procissão passa...

Rever a procissão fez-me recuar no tempo. As meninas das fitinhas são outras, há sorrisos abertos, há quem se esconda dos olhares, há quem se mostre à multidão. Hoje elas, ontem eu.
É estranho como um domingo de Fevereiro, aparentemente desinteressante, incómodo e chuvoso, me trouxe de volta à infância. Assim, sem contar rever os brilhos do vestido da Primeira Comunhão, os cachos que me pendiam do cabelo, os passos de bailado com que passeava pela procissão, reencontrei. Não a mim. Só aquele desejo de viver, de sorrir, de seguir com a multidão, de ouvir a explosão dos foguetes. De sentir.
A procissão passou, a chuva fica e o incómodo também. O deslumbre seguiu com a fanfarra. Ficam as certezas que me movem. Hoje mais erradas que sempre. Fica a perda de tudo o que poderia ter sido, fica o medo de que nunca venha a ser. Fica a angústia e o amargo na boca pelas verdades que passaram e pelas mentiras que foram permanecendo.

O encanto dos olhos da Jéssica, que me sorriu, fez-me lembrar o brilho dos dias em que os sonhos eram mais que promessas vãs. Hoje muitos dos sonhos partiram, ficaram só certezas abruptas. As mesmas certezas que minam todo o percurso para o que deveria ser. Fica o que é, fica a chuva, o frio. Lá longe, só o foguetório. Há gente que ama, sorri, desespera, sofre. No domingo não fui mais que aquela que ficou para trás, bem longe da fanfarra e dos foguetes. Só.

1 comentário:

Bruna Pereira Ferreira disse...

Fizeste-me lembrar os meus 10 anos enfiados num vestido branco de menina...

Como o tempo passa, meu Deus...
Como o tempo passa...

Um beijinho, Mariana :)