quarta-feira, abril 16, 2008




Acredito em pouca coisa.
Quanto àquilo em que não acredito eleva-se a uma vasta lista, dispersa por itens, uns relevantes, outros fundamentalmente irrelevantes, muitos só fúteis. Quando chove lembro-me sempre de coisas simples. A volatilidade de uns quantos pingos perdidos é subestimada. Pelo brilho que deixa no asfalto, pela estranha nostalgia que permanece no ar, pela vivacidade da pele salpicada. É a simplicidade de saber que jornal não se quer ler, do que já foi nosso e não volta a ser.

Perdem-se muitas coisas simples. Talvez pela aparente facilidade da conquista. Ironia ou simples crueza do destino há muitos sorrisos que ficam para trás só porque deixaram de nos fazer sorrir, há lembranças que se desvanecem apenas porque o presente se desfez delas. É tudo simples, demasiado simples para nos lembrarmos disso todos os dias. No entanto, a simplicidade continua a aquecer-me do frio que sinto. Pelas histórias inventadas que te contei, pelas respostas trocadas, por teres adormecido ao meu lado, com o teu cabelo suave, a contar-me das meninas que correm atrás dos meninos, da professora que não te deixou ir jogar futebol. De repente tudo volta a ser simples, como, provavelmente, nunca deixou de ser.

Quero voltar a sucumbir ao campo transformado em cenário de batalha e aos outros dias em que inventámos uma floresta mágica. Não há complexidade na vontade, só a simplicidade de querer ser feliz.

Fotografia: kiss the girl, by *lamo on deviantART

2 comentários:

margarida disse...

Simplesmente... genial.
:)

Mariana disse...

Obrigado pelas palavras e pelo sorriso que me deixaste logo à entrada desta manhã.