Chega um homem de longe, de um outro tempo, de um passado distante. Não diz uma única palavra, fica parado a olhar o vento, parado de cabeça erguida a olhar o vento...parado! Os outros olham-no curiosos, riem, encolhem os ombros; os outros que não ele, riem do que não conseguem ver. Ele...o homem do vento chora...chora muito, tanto que se torna invisível, tanto que não se torna ninguém.
Aos outros deixou-os sozinhos, também eles a chorar fazendo de conta que riam. Rindo a querer chorar. A morrer de tanto chorar. O homem partiu olhando o vento, olhando para sempre para o vento...partiu sozinho porque o amor dos outros sempre foi um choro fingindo ser riso.
Há choros assim, parados no tempo, como se a distância entre os dois nada mais fosse do que uma repetição, à tanto tempo esperada. Há quem não chore...Há quem chore por todos aqueles que não choraram, e há aqueles que morrem desde o último dia que choraram até ao de hoje, que se parece exactamente com o anterior...não há distância nenhuma entre eles, nem mesmo o tempo...nem mesmo as lágrimas que são as mesmas. Há quem não veja, porque se ri!Há quem não veja...
É por isto que vou deixar de acreditar.
E vou olhar o vento...chamem-me louca, mas vou sozinha ver o vento para um lugar que seja meu e o resto que se foda.
Sim porque o homem do vento também dizia palavrões...os outros claro não entendiam...e nem vale a pena explicar porque.
quinta-feira, novembro 15, 2007
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