domingo, julho 29, 2007

The Kiss - Edvard Munch

"...E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis
À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras,
o nosso dever falar."
Mário Cesariny
Ao longo da muralha

4 comentários:

Bruna Pereira Ferreira disse...

Queria dizer qualquer coisa parecida com lindo. Mas mais. Melhor. Mais brutal. Como a beleza do que li.
Como não encontro, deixo. Lindo.

Beijinho*

Anónimo disse...

Dever falar.
Dever calar.
Há ritmo nestes dois momentos.
O falar e o calar
são sístole-diástole.

Parabéns pelo teu espaço.

Abraço.

Anónimo disse...

...entre a palavra e a palavra...o nosso verbo...meu...teu...espaço iluminado

Oriana Tavares da Rocha disse...

Longe do verbo fica a intenção de agir...calar querendo falar, falar querendo calar...em algures fica o verbo agir parado à espera que alguém lhe fale ao ouvido: Talvez fosse melhor teres alguma fé.