quinta-feira, fevereiro 14, 2008



O meu pai tem 64 anos, está casado com a minha mãe, já nem eu sei desde quando.

Hoje quando acordei olhei pela janela e vi o meu pai a remexer no jardim, de cócoras, a andar de um lado para o outro, pensei que seria mais uma das mudanças radicais que em breve tomaria a cabo.

De repente entra em casa com um pequeno ramo de violetas, com folhinhas verdes a envolver as flores que cuidadosamente amarrou com um fio e deixou num frasquinho no quarto deles. Quando voltou do quarto, sem eu lhe perguntar nada disse-me baixinho: " São para a minha namorada e hoje vou ter direito a um beijinho".

Vou chorar até o amanhar chegar, chorar todos os dias, chorar até que o tempo se esqueça que eu tenho que chorar.

Ilustração de Rébecca Dautremer


7 comentários:

margarida disse...

E é tão lindo este a amor que nos gerou. É tão grande a pena de me saber sempre tão longe. Obrigada, querida irmã, por me lembrares que esse tal de Amor existe tão perto e longe de mim.
Que bom sentir o cheiro das violetas.

Oriana Tavares da Rocha disse...

E estava sol no jardim hoje, como se o mundo se iluminasse todo com as violetas.
Estará sempre tão longe de nós esse amor...

margarida disse...

:) mas que bom que sabemos que ele existe e é possível.

Alf disse...

Caramba! Também quero ser assim quando for grande...

Oriana Tavares da Rocha disse...

Acho que todos queremos!!!

Celia disse...

LINDO, LINDO, LINDO!

Anónimo disse...

que lindo :)