sexta-feira, julho 07, 2006

À Deriva




















A notícia chegou por correio.
Uma carta amassada, um selo de outras paragens. Uma porta aberta ou um ponto de fuga? As linhas de longe denotam cansaço. Escrita atribulada, cantos do papel enrolados. Para lá das palavras de circunstância, a carta transporta rasgos de vida, momentos condensados em breves linhas.

O vapor esgota-se e a esferográfica aponta. Vive-se pelos sentimentos, não pelos registos simbólicos. À passagem o mundo é muito mais que a imagem de fundo, é tudo o que está de permeio. O coração que sufoca, os gritos que invadem e a água que salpica.

O areal. De chegada é o repouso em jeito de regresso a casa. Para quem não tem morada fixa, a terra fina é o aconchego possível num mundo de subterfúgios demasiado duros.

Beijo

2 comentários:

Anónimo disse...

"Sossega. Cria a tua própia alma no escrevê-la, o teu pensar que ignoras, a notícia da beleza que passou por ti. Cria a tua serenidade nos arredores afastados de onde és obrigado a existir o que não és. Corta a passagem do que és para o lado em que não consentem que o sejas. Inventa-te na ignorância dos outros sobre ti-e terás renascido inteiro para o inquestionável de seres. A porta.
Fecha a porta"
Vergílio Ferreira

Quando releio este texto, lembro-me sempre das pessoas especiais que tenho á minha volta...automaticamente o ofereço! Hoje ao ler o teu post, encontrei a vontade de te ofereçer o texto do Vergílio, por seres especial.
Por seres como o texto...sabiamente definida por um vento corajoso que não deixa ninguém indiferente e que quando mais se sente, menos se tem vontade que vá embora.
Um sorriso honesto, uma cor brilhante pelos momentos nunca esquecidos e pela imagem dos que virão...

dimensaooculta

Anónimo disse...

...à vida, quer-se como a tal esquina de luz. Nem que seja numa caixa de cartão...


arcanjo miguel