quinta-feira, setembro 29, 2005

Palavras e números

Ser ou não ser

Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Se os novos partem e ficam só os velhos
e se do sangue as mãos trazem a marca
se os fantasmas regressam e há homens de joelhos
qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.


Apodreceu o sol dentro de nós
apodreceu o vento em nossos braços.
Porque há sombras na sombra dos teus passos
há silêncios de morte em cada voz.


Ofélia-Pátria jaz branca de amor.
Entre salgueiros passa flutuando.
E anda Hamlet em nós por ela perguntando
entre ser e não ser firmeza indecisão.


Até quando? Até quando?

Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah se não ser é submissão ser é revolta.
Se a Dinamarca é para nós uma prisão
e Elsenor se tornou a capital da dor
ser é roubar à dor as próprias armas
e com elas vencer estes fantasmas
que andam à solta em Elsenor.

Manuel Alegre

(Aqui ficam as palavras do deputado-poeta....já agora era bonito um presidente da república-poeta. Assim, um Palácio de Belém-tertúlia e discursos-cantigas de amigo. No dia em que a poesia se confronta mais uma vez com a rigidez dos número (uma batalha antiga) ficam as palavras da alma sensível e... os votos para o outro lá para os lados do Boliqueime)

http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF164386

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