
O denominado Atelier de Escrita chegou ao fim.
A mim soube-me a elixir anti preguiça. Houve palavras novas que me brotaram das mãos, novos sentidos para vocábulos outrora desconexos, houve descoberta. Ficou no fim a vontade. De mais. Escrever mais, ler mais, sonhar acordado em dias de sol. Valeu pela provocação do mentor à força.
Agora que a noite cai avassaladora, olho para o sucedido há poucas horas atrás e um sentimento de estranheza continua a percorrer-me o corpo. Já me despedi muitas vezes. Nunca de uma forma tão brutal. Foi um adeus. Definitivo. Com tantas palavras escritas ao longos dos encontros de quarta-feira, jamais pensei que tudo terminaria num trágico final de quinquilharia alarve. Eventualmente, o material desta noite poderá resultar numa bela comédia negra. Para mim fica o sabor a derrota. Como a História nos conta, é-se livre no papel. De facto, a liberdade acaba mal a boca se desprende. Uma liberdade que, só por esta noite, teve um valor concreto. Preço de tabela: 30 euros por cabeça.
Saí desapontada. Há tantos encontros que se lêem nos livros, quando cá fora nos perdemos quase sempre em esquinas bem iluminadas. Fico triste por me ter sido reservado o papel de vilão num enredo que nunca foi meu. Dói-me pensar que a vida é pouco mais que isto. Não querer voltar a um sítio que nos deixou agitar as asas, só porque aquela deixou de ser terra onde me queira demorar.